Uma cópia de O Capital na mesa de cabeceira. Aberta no capítulo da mais-valia.
No Player tocando Plush, do Stone Temple Pilots. Bem alto.
A TV reproduzindo o DVD de um filme qualquer de Bergman. Sem volume.
Acenda um incenso, purifique o ambiente. Há deuses no recinto. O aroma de mirra é incrível, não?
Read... Listen... Watch... Learn... And smell, of course!
Formamos nosso moderno Oráculo de Delfos. Aquele que nunca respondia nada com nada, o ponto alto da ambigüidade.
Tem gente que é assim também, não diz nada com nada. Alguns podem estar achando que esse texto é um exemplo disso...
Se o vizinho reclamar do volume não saberei mesmo. Ainda mais vai sentir o cheio da mirra e achar que é outra coisa. O filme está sem legendas. Tento fazer leitura labial em sueco.
O rock continua mandando ver e na função Repeat.
Me aproximo de Marx em silêncio. Não é difícil, sou quem menos faz barulho. Ah, aumentei o volume da televisão. Agora o som do filme e da música estão misturados. Os dois abraçados com o odor do incenso.
O vizinho está reclamando... Serei eu o maior problema do seu mundo? Tomara que sim, pois gosto dele, nada contra, embora nem saiba seu nome.
A sessão não termina tão cedo. Vai tudo se repetir à exaustão. O segundo incenso já está ardendo, ganhei uma caixa inteira.
“Cadê o pó?”, berra alguém ao longe... Tem gente que cai mesmo em qualquer encenação. Mas esse não mora no prédio. A mais-valia está exportando a revolução bolchevique!
“Cara, pára com esse barulho! Pula fora pela janela!”
Você primeiro, irmão. Salta e me serve de colchão, otário. Se foi o meu vizinho que gritou essa asneira não gosto mais dele. Não admito que interfiram no meu barulho. Gente desalmada.
Terceiro incenso! Música pela décima-quinta vez! O filme do Bergman é longo, não chegou a repetir ainda.
Ah, tá ventando! As páginas de O Capital estão virando... Ou será que, ao invés de deuses, temos fantasmas no recinto? Fechar a janela não adianta. Fantasmas atravessam tudo. Depois não quero diminuir o alarido. Nem deixar de fora as bobas reclamações da vizinhança.
Vou fechar O Capital, não tá colaborando com o esquema. Sabia que tinha algo errado no conjunto. Mas ainda defendo a liberdade de expressão lá fora.
So, read Marx, read Engels and fuck themselves!
No Player tocando Plush, do Stone Temple Pilots. Bem alto.
A TV reproduzindo o DVD de um filme qualquer de Bergman. Sem volume.
Acenda um incenso, purifique o ambiente. Há deuses no recinto. O aroma de mirra é incrível, não?
Read... Listen... Watch... Learn... And smell, of course!
Formamos nosso moderno Oráculo de Delfos. Aquele que nunca respondia nada com nada, o ponto alto da ambigüidade.
Tem gente que é assim também, não diz nada com nada. Alguns podem estar achando que esse texto é um exemplo disso...
Se o vizinho reclamar do volume não saberei mesmo. Ainda mais vai sentir o cheio da mirra e achar que é outra coisa. O filme está sem legendas. Tento fazer leitura labial em sueco.
O rock continua mandando ver e na função Repeat.
Me aproximo de Marx em silêncio. Não é difícil, sou quem menos faz barulho. Ah, aumentei o volume da televisão. Agora o som do filme e da música estão misturados. Os dois abraçados com o odor do incenso.
O vizinho está reclamando... Serei eu o maior problema do seu mundo? Tomara que sim, pois gosto dele, nada contra, embora nem saiba seu nome.
A sessão não termina tão cedo. Vai tudo se repetir à exaustão. O segundo incenso já está ardendo, ganhei uma caixa inteira.
“Cadê o pó?”, berra alguém ao longe... Tem gente que cai mesmo em qualquer encenação. Mas esse não mora no prédio. A mais-valia está exportando a revolução bolchevique!
“Cara, pára com esse barulho! Pula fora pela janela!”
Você primeiro, irmão. Salta e me serve de colchão, otário. Se foi o meu vizinho que gritou essa asneira não gosto mais dele. Não admito que interfiram no meu barulho. Gente desalmada.
Terceiro incenso! Música pela décima-quinta vez! O filme do Bergman é longo, não chegou a repetir ainda.
Ah, tá ventando! As páginas de O Capital estão virando... Ou será que, ao invés de deuses, temos fantasmas no recinto? Fechar a janela não adianta. Fantasmas atravessam tudo. Depois não quero diminuir o alarido. Nem deixar de fora as bobas reclamações da vizinhança.
Vou fechar O Capital, não tá colaborando com o esquema. Sabia que tinha algo errado no conjunto. Mas ainda defendo a liberdade de expressão lá fora.
So, read Marx, read Engels and fuck themselves!
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