sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Luar Sob o Sol

A noite parece ter a capacidade de tornar o silêncio redundante.
“Noite”, no caso, é aquilo que sucede ao dia. Não se trata de “noitadas” ou da efervescência que muitos buscam para se sentirem vivos. Falo da escuridão, da paz, da serenidade que nos é roubada sob o sol. Da antevisão do que parece ser o último período livre na face do planeta, onde a respiração é tão natural que prescinde do oxigênio.
Que homem diz para sua mulher, ou que namorado sussurra à namorada, “quer passar o dia comigo?”. Se fizer isso estará convidando para um passeio de mãos dadas, um almoço depois e, quem sabe, um cinema arrematando tudo. E se ele, ao invés disso, propor: “quer passar a noite comigo?”. Aí esqueçam a volta pelo shopping, o jantar e a sessão de meia-noite. A cama já está mesmo feita, aconchegante, pronta para ser desmanchada com volúpia, doçura ou das duas maneiras.
Romance à luz do sol contra sexo abençoado pelo luar. Precisa mesmo ser tão banal assim? Será que a variação que muitos desejam para sacudir suas vidas, não pode residir em trocar a noite pelo dia? Não no sentido de inverter a hora de dormir. Mas sim deixar a noite ainda mais silenciosa, sem os gemidos dos amantes ou orgasmos que se propagam através das paredes. Dissolver os ruídos da paixão na cacofonia do trânsito, dos aparelhos de som, da vizinhança inconveniente.
Deixar o silêncio noturno ainda mais redundante. A liberdade triunfando como nunca na face da Terra. Além disso, não existe mesmo horário para amar. Seja celebrando o Sol ou reverenciando a Lua.
Porque o dia parece ter a capacidade de tornar o barulho redundante...

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