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domingo, 28 de outubro de 2007
A Canção do Carrasco (Poesia)
Encontros agora desperdiçados,
Desejos versus contextos,
O laço tão apertado do carrasco,
Um amor indo ao desterro.
Foi quebrado tanto encanto,
O espelho torpe estilhaçado,
As fissuras arranhando a imagem,
Mentiras que autorizam ao pranto.
Cada dor, cada desmando,
Nós firmes na garganta enlaçados,
A fria mão de um verdugo,
Apanhando corações decapitados.
Nunca mais te ver,
Seu sorriso borrar,
Sua pele esquecer,
Duas bocas fechar.
O machado já se aproxima,
O cadafalso jaz todo aberto,
Amor cortado e pendurado,
Sentimento nobre abortado.
Por que acenam vãs ilusões,
Com suas faces denegridas,
Se no vendaval das paixões,
Morrem meninos e meninas.
Espectros enlutecem o dia,
Demônios alongam a noite,
Se enfim toda sina termina,
Que seja então a data hoje.
Ao nos indicarem o paraíso,
Que reine tênue a claridade,
Pois um assobio desafinado,
Entoa a canção do carrasco.
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