sexta-feira, 14 de março de 2008

A Linguagem das Estrelas

O céu estrelado está mais próximo do que nunca.
Todos os tetos para onde convergem olhares, suspiros ou desejos se tornam o painel celeste da emoção. Basta que realmente sintamos algo verdadeiro, pleno de luz própria, projetando a luminosidade que emerge da entrega.
Os telescópios apontam para o alto no balanço do prazer. Se ao redor tudo gira ou desaparece, a órbitas dos nossos olhos reciclam penumbra, objetos e distâncias. Começamos a flutuar sem sair do lugar, liberar tudo que necessita de repouso na excitação, enquanto os ruídos se abafam em si próprios, pois tornaram-se brados no vácuo de nosso espaço interior.
Cometas, asteróides, sóis, um estimulante desfile psicodélico abre passagem na sensação gostosa de durante e na prostração deliciosa de depois. O riso faz contato, aproxima dois mundos em busca da mesma trajetória. Os enigmas não precisam mais ser explicados. Foram saciados diretamente na fonte apenas para introduzir novos desafios, atrair numa jornada infinita pelas cores do arco-íris.
As centelhas pulam em volta, podem ser tocadas. É divertido brincar cercado de tantos tons, na intensidade de flores flutuantes, de espasmos cromáticos. As cabeças ávidas se liberam sem hesitação, seja no desejo terreno ou no prazer cósmico, através das carícias ansiadas e do toque reconhecido.
A doce violência de agarrar e ser agarrado, a louca persitência de invadir e ser invadido, os nomes murmurados entre si, mapeiam uma viagem que sequer se encerra ao final. Não importa tanto como se sabe, mas aquilo que é praticado.
Porque entre tantos firmamentos que vibram sobre nós, o contato com as estrelas volta enfim a ser restabelecido. E em troca elas revelam segredos surdos que, ao invés de apontarem uma solução única, desvirginam possibilidades que se regeneram em novas situações e explorações conjuntas, no calor e ardor mútuos, numa linguagem descrita simplesmente como mágica.
Agora sim direis ouvir estrelas...

Nenhum comentário: